segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Espiral.

Das vezes que minto, sinto cada folha que dança ao vento e caio. Sinto as mãos trêmulas de uma dor não vista, é o artista seco d'arte. A comida do dia, desenhos mal grafados, finais ilimitados. Ouço os carros que correm num círculo sem fim. Não me sinto e ainda assim não vejo nada além de mim.
Aparentemente deslavada, sou vazia feito feliz amada, que de descarada é as vezes nada. Que seja! Nessas ruas nada desertas avisto o fio que jaz. A morte não vem mais. Não venha!
Sou eterna sem saber. Brilho um brilho que faz doer e todos olhos podem nada ser quando assim os quero. Já deixei a modéstia, imediatamente ao saber das tendências. É que gosar do dom é mais recompensante. Ainda que as mãos nada sadias implorem o vinho que eu mesma quis ser.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Pra ele

É que eu sou muito apaixonada, as vezes só por ti, as vezes só pela vida, mas hoje estou pelas ambas partes que fazem de mim um eu tão eu que chega se chamar Patrícia, a Canella e os demais nomes.
Eu gosto e desgosto, porque essa sensação ansiosa que não me deixa sentar e centrar-me em um livro de alguma matéria qualquer me consome um pouco. Pouco importa, eu quero mesmo é gritar esse amor que transborda. O bem que ele faz quando bem está, causa bem estar. Eu disse que sei te fazer feliz, quer saber? Sei lá se sei, mas eu sei ser completamente feliz e apaixonada ao seu lado, e o fato é que eu quero fazer com que você sinta-se assim, por igual e completo. Faço questão, a bendita questão! É idiota e abobada a forma como eu fico pensativa, sonhadora e essas coisinhas todas que mil poemas e músicas nos avisam antes da própria paixão. O diferencial é que hoje, somente hoje, eu não vou ligar, vou gritá-lo e deixar fluir.
Te amo seu feioso, bobo que me enche de mordida e que me deixa com cosquinhas na barriga, até mesmo quando vai embora.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Dos dias que passo,
nenhum se perde.
Todos me acham.

Dos dias que sonho,
nenhum acaba.
Todos assumo.

Dos dias que perco,
nenhum se esconde.
Todos me ensinam

Dos dias que viro,
nenhum me mata.
Todos me acordam

Dos dias que vivo,
nenhum morre.
Todos vibram.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

É bom amar, amar e só amar as vezes

Não sei mais ser sozinha, apesar de na maior parte da vida, até então, ter sido só. Ao mesmo que sou de todo mundo, e de fato sou, acabo por não ser de ninguém. Entrego-me e dedico-me as minhas relações afetuosas de corpo e alma. Sempre fui assim. Porém, não consigo ser inteira mais. Resguardo-me ao máximo, fui assim por muito e voltei a ser. Confesso pequei ao entregar-me algumas falhas vezes e destas trago só as más recordações. Minha memória de elefante faz com que mágoas sejam tatuadas de maneira que não há nunca a necessidade de retoque. E perdoo, mas perdoo e não sei se de alma, coração sim. É que cai sobre mim o fato de não ser Deus, e ninguém é, todos erram e ninguém deve julgar ninguém. Ainda sim corroem. Agora escrevendo tenho a impressão de que não são as falhas que me atingiram que cortaram-me, mas sim a falta dos acertos. Percebo que não sei mais viver sem certos acertos, certos zelos, certos carinhos e certas dedicações. Elas não existem, e assim como um espírito perdido procura um rosto conhecido em cada rosto estranho, eu procuro as ações que me curavam diariamente em cada braço, cada abraço, mesmo quando não há abraços sinceros.
Essa talvez seja a minha doença, meu não desprendimento. Fiquei ali, estagnada, mudada e estagnada.
Era bom ter madrugadas interrompidas e corrompidas pelo desejo, e quando eles ultrapassavam a razão era ainda sim mais saborosos.
Era bom também, não ter carne, só coração, mesmo doente... curado.
Tudo sanava-se com olhares, e conversas sem dedos e medos e críticas. É bom amar, amar e só amar as vezes.
Mas o ruim é quando acaba, nada mais parece te satisfazer.
Nem os novos olhos mais bonitos, nem a boca mais suave e o beijo mais esquisito e intrigante podem sarar as brigas da meia noite.
Depois que alguém dá o melhor de si para você, ter apenas alguém não te cabe mais. Depois de provar a alma de alguém, é difícil aceitar alguém que não queira a alma lhe dar e nem a sua aceitar.
Depois de ser um, seja amorosa ou amigavelmente é impossível não achar as coisas que não são tão intensas superficiais e compreende-las como migalhas.
Meu coração é sincero, minhas palavras, meu corpo também. Mas ainda sim há um vazio que certamente não se preencherá mais.
Daí caio em medo, fico lá. Não sei mais se ser só, ou ser só duas vezes é pior. É muito difícil encarar coisas nua, crua sem uma mão. Mil pessoas dirão estar ali pro famoso 'o que der e vier', mas é provável que até aquelas que realmente estão não saibam como lhe dar a mão. E você pode até tentar ensiná-las, nem todas irão querer, outras dirão que sabem e algumas até se revoltarão por você achar que elas não satisfazem suas expectativas. Estas ultimas sim estão certas. Ontem eu disse a minha mãe que se viemos ao mundo sozinhas, é porque talvez tenhamos que aprender a lidar com nossa própria solidão, com nosso próprio caminho e missão. Mas aceitar isso é quase impossível, afinal " é impossível ser feliz sozinho ".