domingo, 19 de setembro de 2010

Vento

A noite chega acalentando meus sorrisos, guardando as fagulhas do dia inteiro. A noite não reza a prece que meus lábios diziam noite e dia, da pureza e incerteza, certamente. A noite castigou-lhes a vista na escuridão e deixou-me perplexa com sua embriagues. Janelas e portas de vidro movendo-se incessantemente, num vento que de tão inquieto não parou de uivar. A noite não se cala como o dia e todos os meus pensamentos.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Paradoxal

Cai do berço, a vida não pode mais ser o que foi. As músicas são músicas, os livros são encantos e a realidade não é mais cheia de cartas de amor. A realidade não é romântica e nem "gorduxinha". A friesa dos passos do mundo são proporcionais ao desgaste mental dos teus encantos. Um dia você passa da romântica pra cética, assim como da esquerda pro conservadorismo.
É impossível não ver a cor que o sol desperta nas corredeiras, e como o vento realça as margaridas. É impossível não me envolver aos cantos. Não consigo, por mais que eu queira, não ser flor e não viver de amor.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Tudo velho, de novo

Medo. A palavra da qual fugi com sorrisos. Medo dos sonhos que ainda vivo, pesadelos. Medo da ausência de um abraço, quente, que me envolva nessa noite. Tão só, tão vulnerável, tão amedrontada. Medo, antes de mais nada de mim, do vazio que se fez depois da enxurrada. Medo, do céu que se abriu em meio ao nada. Medo das cólicas que me são remédios. Medo do exílio do qual me exilei hoje. Medo de todas palavras que engoli até agora, das imagens que não reconheço, da água que me afoga, das lágrimas que não são acompanhadas de calma.
Medo de me afogar, de não saber nadar, não ser possível ser salva. Medo de não calar a dor que grita, esperneia, incessantemente. Medo de não haver você hoje, amanhã e sempre. Medo de não deixar você existir depois de tudo isso. Medo de nunca ter sido você, medo de não ser ninguém.





_ Me abraça amor, me faz um cafuné e traz aquele chá que você nunca quis provar. Porque o livro rasgou, o céu está arranhado e o desespero se transformou em algo maior. Me abraça amor, que eu preciso da sua assimilação, do seu riso, da sua mão pra me levar pro mar.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Zigoto

Não adianta, seremos eternos potes de emoções a transbordar e nem isso fará com que alguma palavra fuja. É bom assim, no meio da minha solidão interna, provocada pela ausência de espaço no mundo para meus pensamentos, encontrar um olhar tão perdido em si quanto o meu. Cansei de andar na multidão perdida, me achava, mas quando olho pra dentro percebo ser impossível reencontrar-me em mim. Entre fusões e corruptelas de pensamentos, via-me extravasando de qualquer maneira. Hiperativamente, intestinalmente, defict de atenção-mente... Seja lá de qual forma extravaso, é sempre em mim. Sou daqueles tesouros piratas perdidos, trancados, que aparentemente nunca descobrirão o que há dentro. Das angústias às surpresas. Somos! Por isso, digo, que em meio o silêncio da fala e o desespero do peito é bom ter seu olhar.
Porém, afeição, respire. Dia desses conversava e ouvi um "Penso, logo sou deprimido", ao fim, depois de risadas, fiquei feliz pela benção de pensar. Como disseram, o ser pensante sofre, mas venho lhe dizer que aquele que transborda de pensamento se faz pensamento e através desde processo que se torna o tato do mundo. A sensibilidade é aflorada pelas capacidades pensantes e até mesmo banais. Ainda sim prefiro meus orgasmos intelectuais acompanhados de surtos quase psicóticos de ansiedade. Viva o TAG, o TOC, o TDAH e todos os distúrbios mentais.