domingo, 18 de maio de 2008

Dimensões paralelas

São os resquícios dos cigarros, as garrafas de bebidas jogadas pelos cantos da moradia luxuosa, o gosto estranho na boca e vagas recordações. São os restaurantes mais caros, os carros mais novos, as noites perdidas na escuridão de uma tal de perdição. Não é o meu mundo, mas sempre que eles podem me carregam para lá. As lembranças são vagas, porque as substancias não nos permitem relembrar. Talvez uma estúpida fuga da realidade e mesmo assim pode parecer tão doce quanto mais uma dose de um milhão de possibilidades, mas algumas vezes parece amargo como aquele uísque que ninguém mais quer. Eu nunca entendi ao certo o motivo daqueles olhares perdidos, talvez eles tenham muito o que olhar, mas eu não posso ver, em geral fico em silencio, até mais uma menina, não mais inocente, vir até a mim e me pedir mais um copo de qualquer coisa, na verdade eu nunca acho o que elas querem, só que no fundo o que elas querem é o que eles tem. Então eu jogo fora umas meias palavras com qualquer um que seja e me deito em qualquer lugar para observar aquele mundo de alucinações, é o tempo dos embriagados, dos que pensam viver na intensidade de um mundo novo, mas só estão buscando os seus finais, nem sempre felizes.
Na verdade eu não entendo muito bem da onde sai tanta felicidade, a não ser das guimbas,copos e outras mesquinharias, é um mundo tão vazio e ao mesmo tempo ele suporta uma quantidade surpreendente de dimensões, é estranho e ao mesmo tempo tão curioso a ponto de me levar até eles.

Os nossos dois segundos

Havia uma menininha perdida, sozinha e acompanhada ao mesmo tempo, seus sentimentos se perdiam. Um belo dia ela foi ao encontro de uns amigos e algo nasceu, brotou simples e puramente. Como nada nunca havia brotado na vida dela. Um sentimento que foi relâmpago. O menino, que havia se perdido entre as mesmas entranhas que ela, no seu mundo distinto, encontrou um atalho que o levava até ela. Lá eles se olharam, trocaram pensamentos em olhares tão profundos que fizeram suas almas se reconhecerem e ali, surgiram umas das mais belas histórias de paixão. Paixão pos só mais tarde eles foram saber que o que parecia amor era passageiro, mais independente de ser ou não passageiro suas entranhas se desfizeram e eles se fundiram num único mundo, onde os sorrisos, os olhares, o carinho, a paixão que ardia e o silencio reinavam. E foi radiante. Porém foram dois segundos, como se tudo tivesse sido uma fantasia. As entranhas voltaram, mas os dois não caminharam antes de o menino dizer, que os dois segundos haviam sido os necessários para ele carregar pra sempre uma enorme admiração por ela, que era tão bela e delicada. E ela nunca foi capaz de dizer que o admirava também. Porém, suas estradas seguiram agora cada um sozinho. Mas por fim nós sabemos que cada um vai ainda encontrar um outro menino e uma outra menina para fazerem com que esses segundos se concretizem em mais admiração e não mais apenas segundos e sim horas.