quinta-feira, 26 de agosto de 2010

"De tudo ao meu amor serei atento"

Um dia, depois de nossas exaustões diúrnas, você vai querer chegar em casa, seja a casa que for, e tomar o banho. Vai esquentar a comida que se estende no fogão, cansada de te esperar, e querer dormir. Ao deparar-se com a cama vazia vai chamar por mim. Na verdade, o banho, a comida, são suas necessidades vitais, mas o que descansa seus olhos é sua própria visão do meu chá, minhas pernas cruzadas banhadas nos lençois e de um livro qualquer que leio em nossa cama de mola. Se eu não estiver lá, você vai entender que é o meu olhar que se perde entre os contos do livro e os seus olhos e o me ver bem, que te fazem ter paz pra dormir. No dia seguinte sabe do café que preparei com todo amor que me coube. Áté lá eu já terei aprendido e reaprendido como sair despercebida do quarto, sem que eu te tire da leve névoa que teu sono tem. Antes que eu saia pra mais um dia exaustivo, vou roubar-lhe o beijo que te fará lembrar, ainda, do porque da superação de desencontros e avanços, dos ciúmes e solavancos.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Desculpa Mundo, não há em mim a perfeição

Peça desculpas ao mundo, ele ficará chateado com os seus estudos, com a sua não disposição. Mesmo que um dia ele tenha ficado indisponível e você por semanas ao hospital. A pressão dele sempre será mais importante, do que o seu futuro, do que a sua febre. Largue tudo o tempo todo pelo mundo que ele jamais te pedirá desculpas. Ele nunca te pergunta do seu dia, dos seus surtos, das suas dores. Sua família sempre vai bem, todos seus relacionamentos e você sempre tem força pra continuar. Ele não vai te perdoar.
Ah mundo, você é tão hipócrita e eu sozinho. Ah mundo, eu abri mão do mundo por mim e ainda no meio do nada sem mundo, você, mundo, não entende o meu penar. Na verdade meu penar nada vale.
Ah mundo, minha pressão tá alta, fui ao hospital algumas vezes, estou tomando remédios diários e nada faz passar a dor. A única coisa que me fazia esquecê-la, hoje foi embora por livre e espontânea vontade através de uma ligação, num celular em que as vozes se entrecortam.
Ah mundo, quem me dera ter alguém pra me visitar quando meu joelho está enfaixado, quando eu tenho cólicas intestinais insuportáveis e quando minha febre de trinta e nove graus não cessa. Quem dirá, mundo, várias pessoas. Mas minha solidão nada vale pra você. Minhas doenças, meus conflitos, minhas dores, meus términos.
Mundo, eu só queria te dizer que eu também choro, que eu também sangro e que minha pressão as vezes se desregula. Mundo, me perdoa por eu não ser tudo o que você acha que eu sou pelo tempo todo que você precisa. Eu sei que você precisa de mim, mas eu queria que você entendesse que as vezes eu também preciso de você.
Estou muito triste hoje, mundo. Estou chorando rios, estou me escondendo em dores e se minha pressão cair, eu sei que você não está nem aí.

domingo, 8 de agosto de 2010

Você vai se perder

É assim, como se tudo fosse límpido, claro, suave e sereno e do nada tudo passa. Tudo corre, tudo vira nas curvas das colinas. Tudo gira, tudo...
É como o nada num todo estranhamente particular,e a peculiaridade contorna, se faz, se refaz, se deleita do ser que é. De rimas sem riqueza, de vozes sem exaltação. Às margens do lago, ficava a jovem, enevoada na névoa, tristonha por nada. Era ela, sem saber de seus tons avermelhados e manchados do rosto, sem saber do dourado que por fios tendiam a cair sobre seus ombros eretos de orgulho desconecto. Era vívida e mórbida, era chuva ensolarada, sem reflexo n'água. Em estágios de gentileza o todo se desintegra e vibra uma pequena linha de sutis falas amantes. Ela, sem falas, se dizia pra ninguém, que seu sorriso inexistente seria o mais belo de todos. Como se houvesse concorrência, levantou-se ao se lavar e correu, correu por trilhas sem fim, por quilômetros à dentro.
Caiu ao notar que não era possível ser notada, no meio daquela multidão de matas, caiu e chorou mais uma brilhante vez. Nessa hora, sem lago, com névoa, se notou jogada em meio flores, flores de tantos cheiros que ficou tonta. Logo percebe-se na relva a movimentação dos seres, estes formam o povo habitante daquele nada tão dito. Estes pulavam de folhagens a folhagens, fazendo movimentos que pareceriam a vista comum uma coreografia de anos de ensaio. Seres dançantes.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Saudade de ver gnomos na terra do nunca e de ter a paz vibrando dentro de olhos e peitos.