Um pedaço de papel que cai
um tilintar de sino a mais
a pedra de lá longe vai
caindo, caindo se desfaz
um trepido e continuo vagão
de milhares de estórias sem fim
vem vagando, numa imensidão
do triste relâmpago de cetim
se rasga no fundo mirabolante
de velcro desfeito radiante
fingir e não fingir-se constante
uma luta, um medo, desconcertante
que o que cai venha a voar
e de voar não se canse nunca
a brisa que vem apagará
a cor, o som, sem culpa
quarta-feira, 27 de maio de 2009
terça-feira, 26 de maio de 2009
Qualquer meio termo
São nuvens vestidas de véu, num tom embriagado. Toco o ritmo da janela, o som que se derrama em vela, nos olhos, nos gritos e gemidos. É a falta que faz, e a vista assim sem sobreaviso. Um temido vento que nos acalma, da vida que nos prende. Teu olhar perdido paradisiacamente, vivendo e cantando num mundo de tantos de repentes. É o mais e o menos combinados ao acaso, das mentiras que eu mesmo faço, num eterno vazio sombrio, que desmazela a sombra ao ver, que ao tocar a luz me faz também acender, sem medo, sem dor, sem mágoas.
Me faz ver então o que fica, se o que ficou nada mais é do que o que ainda está por vir. Peço assim de mãos ao léu, que teu mausoléu caia e que teu brilho raia, num raiar de todos os dias. Fervo sangue, congelo caminho, uso valvas bicúspides e tricúspides para impedir o retorno teu, mas ao mesmo me faço e desfaço num segundo por tudo que ainda não é meu. Vingo a viagem, salto do muro, da pedra mais alta. Viro esquinas e não me imagino imaginando você aqui. Mas sem querer já querendo, busco em mim uma desculpa pra qualquer meio termo de fim.
Me faz ver então o que fica, se o que ficou nada mais é do que o que ainda está por vir. Peço assim de mãos ao léu, que teu mausoléu caia e que teu brilho raia, num raiar de todos os dias. Fervo sangue, congelo caminho, uso valvas bicúspides e tricúspides para impedir o retorno teu, mas ao mesmo me faço e desfaço num segundo por tudo que ainda não é meu. Vingo a viagem, salto do muro, da pedra mais alta. Viro esquinas e não me imagino imaginando você aqui. Mas sem querer já querendo, busco em mim uma desculpa pra qualquer meio termo de fim.
terça-feira, 12 de maio de 2009
Ainda
Está frio, Nando toca, ele descreve nosso momento
'Eu te chamo!'
'Eu te quuero também!'
Não há pazes, só há paz
Numa melodia que toca quando tocas meus lábios
quando me tocas
Não sei se ainda toca
mas tocou
'Ponho os meus olhos em você...'
mas hoje, hoje você não está
Ninguém fez música, foram os nossos corpos
as cobertas, o quarto
'Melhor te enxergar...'
Já não te vejo
minha memória falha
seu cheiro foge
e seu rosto só me vem na fotografia
Mas sua boca e o seu olhar não se apagaram ainda.
Ainda!
'Lá fora a lua irradia a glória...'
Aqui dentro mil metáforas nos escondem num papel
Eu não lhe telefonaria
nem mesmo mandaria um recado.
mas te daria a 'mão nessa hora'.
'Eu te chamo!'
'Eu te quuero também!'
Não há pazes, só há paz
Numa melodia que toca quando tocas meus lábios
quando me tocas
Não sei se ainda toca
mas tocou
'Ponho os meus olhos em você...'
mas hoje, hoje você não está
Ninguém fez música, foram os nossos corpos
as cobertas, o quarto
'Melhor te enxergar...'
Já não te vejo
minha memória falha
seu cheiro foge
e seu rosto só me vem na fotografia
Mas sua boca e o seu olhar não se apagaram ainda.
Ainda!
'Lá fora a lua irradia a glória...'
Aqui dentro mil metáforas nos escondem num papel
Eu não lhe telefonaria
nem mesmo mandaria um recado.
mas te daria a 'mão nessa hora'.
sexta-feira, 8 de maio de 2009
Válidas Inválidas
A gente finge que não vê, não é? O ser humano às vezes é tão banal.
Amanhã tenho mil e oitocentas coisas novas pra aprender e hoje eu pratiquei o que aprendi ontem, mas quando se fala em paixão, nada adianta. A gente não aprende. Fingimos que nunca derramamos nenhuma lágrima e assim nos entregamos. Quem se importa? São só mais algumas lágrimas. Eu sei, sei mesmo, que amanhã eu vou sentar nessa bosta de cadeira, em frente a esse coco de computador e ficar esperando, uma palavra que seja, um oi, um tchau forçado. Mas e o resto?
Eu nem sei o tanto de coisa que eu tenho pra fazer, é mais coisa do que eu sou capaz de dar conta e ainda sim eu estou aqui. Ao invés de me deitar, pra ver um filme ou ler um livro, qualquer coisa que me leve a qualquer outro lugar do que lágrimas. Porque apesar de muitas paixões nos fazerem chorar de felicidade, o final é sempre a mesma bosta: você chora pra cá e o outro lá, isso quando não é só você que chora.
mas eu não vou desistir desse negócio doido que inventaram, desse misto de sentimento e instinto. A paixão é uma loucura! E eu? Ah, eu não sou normal mesmo!
Amanhã tenho mil e oitocentas coisas novas pra aprender e hoje eu pratiquei o que aprendi ontem, mas quando se fala em paixão, nada adianta. A gente não aprende. Fingimos que nunca derramamos nenhuma lágrima e assim nos entregamos. Quem se importa? São só mais algumas lágrimas. Eu sei, sei mesmo, que amanhã eu vou sentar nessa bosta de cadeira, em frente a esse coco de computador e ficar esperando, uma palavra que seja, um oi, um tchau forçado. Mas e o resto?
Eu nem sei o tanto de coisa que eu tenho pra fazer, é mais coisa do que eu sou capaz de dar conta e ainda sim eu estou aqui. Ao invés de me deitar, pra ver um filme ou ler um livro, qualquer coisa que me leve a qualquer outro lugar do que lágrimas. Porque apesar de muitas paixões nos fazerem chorar de felicidade, o final é sempre a mesma bosta: você chora pra cá e o outro lá, isso quando não é só você que chora.
mas eu não vou desistir desse negócio doido que inventaram, desse misto de sentimento e instinto. A paixão é uma loucura! E eu? Ah, eu não sou normal mesmo!
domingo, 3 de maio de 2009
Frio quarto
Uma cama vazia, fria. Almofadas rolando pelo chão mal varrido. A bossa tocando no computador e a televisão querendo ser ligada. Tem livros espalhados pela escrivaninha e nas estantes, a impressora escondida pelo que parecem ser escombros de uma guerra. A filosofia deitada num criado mudo junto à uma história verídica. Montes de roupas lavadas cheiram a rosas. O jornal não foi lido, o celular deveria tocar. Ninguém entra, ninguém sai. Canetas e borrachas por cima de equações incompreendidas. A coluna está torta, dói. Os olhos pedem um descanso, mas a solidão lhe prende ali. Nenhum sorriso, mas também nenhum choro. Um silencio ocioso, uma inércia mal agraciada. O anel no anelar e o coração vazio. Frio, frio!
Vem, dorme comigo!
Vem, dorme comigo!
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