quarta-feira, 24 de julho de 2013
Como crianças
Estou querendo não querer ninguém, mas estes sorrisos me aparecem feito assombrações. Já cansei de falar dos cheiros que ficam guardados em minhas mechas de cabelo. E do silêncio que me parece burburinho. Burburinhos de estômagos embriagados. Da vida. De amores.
Cores sem fim tangenciam-se entre as janelas e portas que eu deixo, sem querer, abrir. Entre uma ferida e outra chego achar que as tranquei. Que tolice. Vivo disso. Vivo dessas dores enquanto elas ainda são sorrisos. Vivo daquelas frases, “mentiras sinceras”, das quais admito gostar de enganar-me. O que importa?
Posso carregar o amor por cinco compridos anos e deixa-lo escondido pruma cerveja na esquina despertar. Um sorriso, um abraço. Mas também posso despertar-te tanto que não lhe caberá ar algum.
Daqueles que acordam apaixonados e fingem voltar a dormir por medo. Rio, bastante, sozinha, acompanhada. Uma frugalidade desconhecida. Meu peito viveu 22 anos embebecido de mundo, de olhares e toques e esta é a juventude que até os de 106 anos podem deixar-se viver.
Deixar ralar, cortar e se tiver de sangrar que sangue. É como quando criança, não creio que sejamos capazes de mudar nesse aspecto. Quando criança apesar do grito de nossos pais que faziam de tudo pra nos proteger, ainda assim enfiávamos em cercas de arame, caíamos de árvores e nos jogávamos de cima de pódios pra ver quem ia mais alto. Que diferença há hoje do que alimenta o coração? Sabíamos dos pontos em prontos socorros, dos arranhões e da dor que a queimadura do sol causaria ao roçar com o lençol pela noite. Ainda sim repetíamos incessantes vezes as brincadeiras e loucuras de nossos jogos infanto-juvenis. Porque cada cicatriz lembra até hoje uma aventura, uma travessura. Às vezes um osso já quebrado ainda me dói em tardes frias, mas a história ainda é capaz de aquecer-me.
Não sou muito fã deste bom senso nada libertador. Dessa história de focos individualistas. De travas e trancas. Enquanto eu ainda posso ter a sensação que eu tinha ao pular um muro. Mesmo com uma aterrizagem abrupta, ainda sim pude voar.
quarta-feira, 10 de abril de 2013
Solidão ou não
Eu venho me adaptando à solidão. E quer saber, eu estou até gostando. As vezes passamos tanto tempo dedicando nossa vida aos outros que viramos isto, algo meio autoajuda que passa tempo e gasta muita energia a justificar o mundo de coisas que são feitas conosco e os outros mundos de esforços que fazemos pros outros. Não é que nesses oito anos de idas e vindas contínuas de relacionamentos eu não tenha aprendido muito, e muito menos que eu não tenha recebido muito pra minha vida e personalidade. É só que relacionamentos exigem muito de cada indivíduo, muita energia, como eu digo sempre. Dos mais calmos aos mais conturbados. Eu sei que devo estar soando meio mal amada, mas na verdade eu fui muito amada, por muitas pessoas e talvez o simples fato de eu não ter tido tempo suficiente para dedicar a mim, tenha feito com que, na verdade, eu é que amasse mal as pessoas.
Ficar sozinha só este pouquinho me fez ignorar mais pessoas do que eu costumava e, desculpa, foi ótimo. Me fez ver que é gostoso "pra cacete" ficar em casa comendo chocolate e conversando horas com minha mãe sobre fofocas mundanas. Me fez ver que mais que amizades eu tenho parcerias, que vão desde a tequilaria de uma noitada rodada, ressacas numa tarde de domingo chuvosa em ruas vazias ou papos aleatórios de uma madrugada extensa. Me fez ver que não há dor na solidão de um livro num sábado a noite e sim paz. Me fez perceber que em certos momentos minha ignorância para com as pessoas talvez tenha sido gerada não só pelo meu simples gênio, mas também por ter estado atolada e sufocada por problemas que não me pertenciam.
Não é tão ruim ser egoísta, faz parte de um processo de auto construção. Eu posso muito bem, por uns dias, não querer partilhar meus amigos, meus móveis e muito menos meus planos. Eu posso querer sonhar sozinha e voar até eles sem nada que me pese. Sem medo de magoar ninguém, sem medo de cair e ver que alguém se decepcionou ou se feriu junto.
Não estou dizendo que crescer junto não seja gostoso, que construir junto e viver partilhando essa felicidade cotidiana. Só to dizendo que estou naqueles dias da vida - que até então eu desconhecia - que sou tão eu que não quero partilhar. Quero viver intensamente cada minutinho de mim, com muito amor por mim sem que eu pare pra discutir sobre isso no telefone com alguém à meia noite de véspera de um dia importante.
quinta-feira, 4 de abril de 2013
Dos momentos e o agora
Seja como for, as vezes é mais que necessário desfazer-se de suas correntes. É preciso se lembrar do porque de tudo e é aqui que nos deparamos com o fato de não mais nos lembrarmos dos porques. A vida nem sempre pede porques, mas um vazio que lhe prenda ao chão não pode ser capaz de felicitar-te.
Dia desses, alguém aleatório me disse, de passagem, que se sentia com a necessidade de fazer as coisas corretamente. Mas, o que lhe é correto? Não sou de planejar, sou daquelas pessoas que vive, mesmo no meu marasmo, de forma intensa. E acho difícil me arrepender. Não me arrependo dos meus erros, eles me levaram até onde me encontro hoje e estou contente em demasia. Poder estar em outro lugar não faz com que sejamos mais ou menos felizes. A felicidade é um estado de espírito e eu gosto de carregá-la como o meu estado. As vezes, e são muitas vezes, eu vejo que estou sorrindo sozinha, na rua, ao ouvir tolices de uma música ou outra. Eu fico feliz ao ver um bêbado ou um possível "louco" em seus devaneios (aos nossos olhares carregados de conceitos) cantarolando alegremente. Até penso como todas as pessoas seriam mais felizes se fossem loucas assim. Menos vergonha e mais vontade de viver e vibrar o que quer que seja. Todos corremos num sentido louco e desenfreadamente, cheio dos planos e objetivos de vida que muitas vezes esquecemos de vivê-la. Tenho meus planos e objetivos, mas não sei se consigo me abster de viver até alcança-los. Afinal, muitas vezes, por mais que tentemos, dediquemos nosso tempo e "apontemos pra fé e rememos" as ondas desse mar nos carregam à caminhos distantes e distintos. Então, eu, ao contrário do que me disseram, sinto-me na obrigação de me entregar a cada momento, seja um capítulo de um livro, um beijo, uma lista que bioquímica ou o simples caminho diário que faço até meu curso. E acredito plenamente que esse deveria ser o modo a encarar a vida.
Muitos porques só nos valem de algo em um momento de frugalidade, de paixão, de toque. Eles podem se perder, a vista fica turva e você deve construir mais pra si. Vejo as pessoas se prendendo ao que foi e não voltará a ser, vejo caminhantes se perdendo por pouco, se enraizando e deixando a caminhada. Nisso tudo só me vejo sem sentido.
sexta-feira, 9 de novembro de 2012
Quando é verão
Eu não quero que você esqueça. Nunca quis. Não sei dos gostos, cheiros, e arrepios que dão. Não sei explicar porque não foi assim antes, o porque de tudo ser tardiamente. Tempo perdido e errôneo. Um toque e minhas mãos tremem. Me explica o que houve aqui. Nesse segundo de sorrisos, gargalhadas e logo, silêncio. Essa coisa na barriga me dá medo.
Calor e imaginação, uma nostalgia louca de canções. Verão. De longe um calor que me lembra praia, e perto a vontade do frio acobertado. Mas ainda é verão despido.
Talvez seja eu, embriagada de mim.
quinta-feira, 1 de novembro de 2012
Paralelepípedos
Eu queria poder voltar e congelar o tempo numa noite gélida qualquer, naquela cidadezinha, nos abraços que aquele mundo me dava. Meus gritos calados que pareciam ter ouvidos. Hoje, sinto apenas a solidão lamber-me a face e tudo que era meu se esvaiu. Não tenho mais aquele frio que me aquecia, aquele mundo que mesmo triste me fazia sorrir. Paralelepípedos, casas vazias, semi galerias de nós.
Nós, os meus amigos que em seus caminhos nem devem fazer ideia do que aquilo foi. Em toda inexistência a qual vagávamos, tudo parecia possuir um sentido, mesmo que insano. Andanças noturnas, sem rumos quaisquer, teatros improvisados que ainda guardo em nossas fotografias. Tão bom ser estrela desse nosso palco.
E de repente, o mundo se cala e os passos se desencontram e simplesmente nos tornamos coadjuvantes de um mundo que nos engole.
O silêncios dos abraços acalentam minha alma ainda por anos depois.E o cinza dos paralelepípedos que trepidam em minha memoria não me deixam dormir. No bem ou no mal, pra mim foi tudo.
domingo, 6 de maio de 2012
Meus "Espaços Mentais"
É muito triste sentir-se incapaz, a incapacidade torna o homem frustrado. As vezes deparado com situações que a outros olhares parecem medíocres, vejo o desespero lamber-me a face. Não cresço, fico estagnada. Não porque não posso, sim porque não sei, mas não sei de um jeito que não creio possuir habilidade pra passar a saber.
Minha mente, mesmo lutando contra isto com mil textos e me inserindo em mil coisas, é vazia. Raciocínio não faz parte do meu dia-a-dia e eu luto com todas as forças para que as palavras que junto em mente passem a fazer sentido. Para que meus espaços mentais passem a ter a felicidade de encontrarem-se com introdutores que lhes deem algum sentido nestes discursos mundanos.
Conceitos caídos, erguidos ou não, meu cérebro parece perecer num nevoeiro confuso de nada. Como se eu houvesse consumido o em algum instante de meus devaneios. Não sei, não lembro e não vejo sentidos se realizarem.
Um pouco cabisbaixo, depressivo ou sei lá, eu sei, mas palavras sinceras.
segunda-feira, 16 de abril de 2012
My drugs
- Bom dia!
- Pro senhor também, um dia lindo aliás.
- Havias sumido até então, o que a vida lhe fez?
- A vida me fez graças, me deu graças. Passei um tempo caminhando por aí. Já estou de volta.
- Um café grande?
- Sim é claro, estou de novo com um sono daqueles.
- Ah! Mas dessa vez vai?
- Creio que vá, vai sim, de vez.
E as palavras não ditas escorrem por uma mente menos turbulenta, mais capaz de silenciar. O mundo acaba por exigir de nós esse desenvolvimento, para uns mais facilmente, para mim um processo ainda maior. Se chás ou comprimidos, não sei. Se o exercício diário ou a conversa semanal. O importante são cores até então não vistas e caminhos não trilhados pela incapacidade de percepção de sua existência. A calma que é de causar um orgasmo pela vida.
Mais sol pra queimar a fotofobia por detrás de lentes escuras não tão escuras, olhos entreabertos. Camas recheadas de travesseiros e cobertores e amores, num 40 graus. A cerveja da quinta feira e a preguiça da sexta. Um "sex, drugs and rock and roll" muito equilibrado e um sorriso pra fechar a semana mal munida de vinténs.
- Pro senhor também, um dia lindo aliás.
- Havias sumido até então, o que a vida lhe fez?
- A vida me fez graças, me deu graças. Passei um tempo caminhando por aí. Já estou de volta.
- Um café grande?
- Sim é claro, estou de novo com um sono daqueles.
- Ah! Mas dessa vez vai?
- Creio que vá, vai sim, de vez.
E as palavras não ditas escorrem por uma mente menos turbulenta, mais capaz de silenciar. O mundo acaba por exigir de nós esse desenvolvimento, para uns mais facilmente, para mim um processo ainda maior. Se chás ou comprimidos, não sei. Se o exercício diário ou a conversa semanal. O importante são cores até então não vistas e caminhos não trilhados pela incapacidade de percepção de sua existência. A calma que é de causar um orgasmo pela vida.
Mais sol pra queimar a fotofobia por detrás de lentes escuras não tão escuras, olhos entreabertos. Camas recheadas de travesseiros e cobertores e amores, num 40 graus. A cerveja da quinta feira e a preguiça da sexta. Um "sex, drugs and rock and roll" muito equilibrado e um sorriso pra fechar a semana mal munida de vinténs.
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