Quantas pessoas na vida você ainda vai perder? Quantos mundos ainda cairão, quantas vezes? E quando é que sua voz não assustará mais o mundo e sua mão se manterá em equilíbrio?
Ainda escuto a chuva de forma receosa, sinto frio nos pés e embrulho estômago. Ainda tenho pavor de ambulâncias e nem tenho mais quem toque 'time like this' no telefone pra me acalmar. Eu não levanto e nem ouso pegar um ônibus se as árvores se movimentarem muito rapidamente com o vento. E olha que não fui eu que perdi grandes coisas. Mas é que parece que o rio e a terra levaram grande parte de mim, sem perdas físicas. Levaram um eu que eu não sei mais se volta, isso pode ser bom, era pra ser bom. Metamorfoses! As vezes a chuva lava, leva e torna leve. As vezes a chuva dói, esmaga e deixa-nos sem fio, no frio.
Dentro das minhas cacofonias tento entender os cacos que restaram. Não só dos meses recentes que se passaram na serra. Mas de toda uma vida cíclica de construção e destruição.
Até onde?
Dúvidas, dores, tapas, berros, gritos, fantasmas, ameaças, sensações, possessões, depressões, quedas, quebras, proibições, liberações, impaciência, gênio, futilidade, superficialidade, términos, recomeços, insistência, dor, dor, dor. Uma problemática infinita que não sabe se quer sair pro mundo. Um poço.
Ver um mundo inteiro familiarizado do qual você não faz mais parte, ou nem chegou a fazer.
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