quarta-feira, 19 de maio de 2010

Alma de chuva

Dias que não amanhecem e noites enevoadas. Não retornem por favor! O silêncio era paz até então, não retorne! Deixe as luzes com os tons que elas quiserem ter, com as cores e fluidos que quiserem.
Noites, me digam de uma só vez qual é o medo de vocês. Não é possível tamanha desordem emocional. Dias, me digam do sol ou da chuva que os temperam e não das tristezas que andam por suas ruas.
O semáforo não abriu hoje, para mim, ficaram lá e os carros a passar. Transeuntes a driblar as vias e eu ali esperando o vermelho que não era meu. O dia fez um sol frio e o vento gélido empalideceu meu semblante. Não havia sequer gargalhadas caladas. As cobertas maravilhadas de mim, as cobertas felizes de mim, as cobertas quentes de mim, de mim. O sol e as cobertas.
Não houve luta nem paz, houve a cálida melancolia de dias iguais que seduz-me entre lençóis e livros (mais uma vez não lidos). O gosto amargo e o bafo não se desfaz da boca, o gosto fica entranhado junto à sensações não térmicas. Cálculos não feitos, resumos refeitos, leituras e releituras do que não se quer mais saber.
Listras e pesos para as pernas que voltarão um dia a serem rígidas, duras feito a força de um cérebro que também se desfez. O armário se fez, as estantes demoliram-se e o céu só abre raramente, que metira.
Foi só hoje que choveu sem alma, foi só hoje.

3 comentários:

Luciana disse...

Minha linda adoro ver como você se expressa com tanta sensibilidade, te amo muito

Amanda disse...

"Foi só hoje que choveu sem alma, foi só hoje".

Hotz disse...

todo dia é um novo dia ........ esse foi só mais ummmm .... MAIS 1 ... SRRSSR