domingo, 18 de maio de 2008

Dimensões paralelas

São os resquícios dos cigarros, as garrafas de bebidas jogadas pelos cantos da moradia luxuosa, o gosto estranho na boca e vagas recordações. São os restaurantes mais caros, os carros mais novos, as noites perdidas na escuridão de uma tal de perdição. Não é o meu mundo, mas sempre que eles podem me carregam para lá. As lembranças são vagas, porque as substancias não nos permitem relembrar. Talvez uma estúpida fuga da realidade e mesmo assim pode parecer tão doce quanto mais uma dose de um milhão de possibilidades, mas algumas vezes parece amargo como aquele uísque que ninguém mais quer. Eu nunca entendi ao certo o motivo daqueles olhares perdidos, talvez eles tenham muito o que olhar, mas eu não posso ver, em geral fico em silencio, até mais uma menina, não mais inocente, vir até a mim e me pedir mais um copo de qualquer coisa, na verdade eu nunca acho o que elas querem, só que no fundo o que elas querem é o que eles tem. Então eu jogo fora umas meias palavras com qualquer um que seja e me deito em qualquer lugar para observar aquele mundo de alucinações, é o tempo dos embriagados, dos que pensam viver na intensidade de um mundo novo, mas só estão buscando os seus finais, nem sempre felizes.
Na verdade eu não entendo muito bem da onde sai tanta felicidade, a não ser das guimbas,copos e outras mesquinharias, é um mundo tão vazio e ao mesmo tempo ele suporta uma quantidade surpreendente de dimensões, é estranho e ao mesmo tempo tão curioso a ponto de me levar até eles.

3 comentários:

Sandro M. Toledo disse...

Você não acha que esse é um olhar muito tendencioso e até pretencioso?

anonimo disse...

Muito bonito o poema Patrícia. Esse me despertou a atenção mais que os outros.

Eu acredito que frivolidade é capaz de contentar com felicidade aqueles que tem mente pequena e pouco amor pelo diferente.

Algumas pessoas amam o novo e vêem beleza nas coisas pelo simples fato de elas estarem sem a necessidade de dominá-las, para essas pessoas o valor das coisas e bem diferente, restaurantes caros e carros novos valem menos que um trivialidades que tenham um contexto. Para gente com essa perspectiva de mundo normalmente o contato com o fútil repetidamente só pode levar a bivalência entre momentos de felicidade ilusória e de niilismo doentio.

As vezes o passaporte para um mundo de aparências pode ser até conseguido facilmente mas o vazio permanece, é a saudade de casa. Uma voz gritando baixinho que a verdade das coisas não esta lá e que ao abdicar desse visto obrigatório você ganha passe livre para qualquer lugar.


Seu poema me transmitiu falta, vontade de beber um uísque amargo.se você tiver algum que ninguém mais quer me avisa.=p
Nas minhas reflexões lembrei de algo que eu li a muito tempo e não consigo mais lembrar o autor: “ a felicidade é estéril”.As vezes eu acho esse postulado abrangente demais mas eu certamente concordo que a felicidade fútil é estéril, nunca li um poema relevante ou ouvi uma musica que mereça aplauso com dinheiro como tema central.
Não duvido que tenha passado longe do que você quis transmitir mas ainda assim foi o que eu absorvi.

Agora como eu na minha dificuldade em entender poemas nunca fui grande comentarista vou voltar a ser bom leitor, Hahahaha.
Agora a próxima reflexão é sobre se eu acho mais bonito como você dança ou como você escreve mas eu amei as duas coisas..

Beijooo!

guilherme sanches disse...

Você parece tão...sincera.