sexta-feira, 4 de julho de 2014
Cítrico
O incenso diz trazer força e realizações, o cavalete foi recém montado numa espécie de descoberta interna muito louca, meio espiritual. Ao fundo músicas que mal cabem em palavras. Que falam diretamente com a alma. O frio chegou fortemente esse ano na serra, mas eu gosto de deixar uma brecha da janela e os pés desnudados numa espécie de sensação de não possuir o controle de tudo.
Um livro novo que fala sobre a graça das coisas, me condem, mas essa tal de Martha Medeiros tem a mania colocar em palavras tudo aquilo que eu não consigo. É engraçado ler-se por outra pessoa que nem sabe a sua existência.Isso só me prova como no final de tudo somos todos tão parecidos. Mesmo que tão diferentes. Angustias, medos, receios, amores, paixonites, erros. E é bom saber, aqui sentada, em meio a uma tentativa tola de beber um cítrico bem quente afim de aquecer os pés, que existe em algum lugar alguém com tais devaneios. Escrevo meia palavras, tomo um gole, danço uma música, abraço alguém mentalmente. Me canso na saliva. E retorno a realidade fria de minhas cobertas. Na idealização quase perfeita de uma sexta fria. Só faltando um pequeno detalhe que foi viver essa espécie de vida de vocês que mata.
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