quinta-feira, 29 de maio de 2014
480 dias
Quatrocentos e oitenta dias. Sim, todos estes dias por extenso. Mais uma viagem naquelas estradas que juntos nos traziam ao paraíso. Eu nem sabia que eu ainda podia chorar pensando em tudo aquilo. Na nossa naturalidade. Em como todo esse processo que as pessoas falam, sobre se conhecer e deixar acontecer. Tenho certeza que você também acha engraçado. Elas os usam de argumento pra não se entregarem e viver, não é mesmo? Ou vai ver o que se passa pela cabeça delas é diferente, porque elas nunca serão eu e você. Vai ver elas nunca se reconhecerão. Eu tenho pra mim, e isto foi dito milhares de vezes, entre beijos, abraços, odores e lágrimas, que na verdade eu nunca cheguei a te conhecer. A verdade é que por mais hollywoodiano que pareça, quando meus olhos te tocaram pela primeira vez eu já sabia tudo sobre você. Sabia que eu não iria a lugar nenhum, a partir dali, sem lembrar de você.E eu sei que esse foi o mesmo olhar que colou em mim enquanto eu, desengonçada entre a chuva, batia e caia no carro. É estranho pensar nisso hoje em dia, em que qualquer beijo me assusta. Eu acho que ninguém recebe um presente desse duas vezes na vida. Mas eu preciso acreditar. De olhar pra alguém e já saber o que é certo. Simultaneamente nossos peitos se inflaram de nós. Quão raro um amor assim pode ser? Que cresce em todas direções, sem que força nenhuma fosse feita. Foi feito calefação, nossos olhares, e então, tudo pronto. Sem que alguém pensasse na velocidade das coisas. Ah querido, como ser amada assim me deixou mal acostumada. Hoje eu não consigo querer menos do que já tive. E muitas vezes arrumo desculpas para ir embora. Porque ninguém no mundo me fez me amar tanto como você. Você me mostrou coisas em mim que eu nem poderia cogitar. Amou e me fez amar as minhas esquisitices e peculiaridades que eu passei uma vida escondendo de mim mesma. Você me ensinou a ser quem eu sou e que não importa se eu invento vozes pros personagens dos meus livros. Se eu canto fora do ritmo ou alcanço um agudo insuportável cantando Adriana Calcanhoto. Porque eram todas as minhas peculiaridades, desde comer uma panela de arroz escondido e dizer que uma fada roubou. Ou chorar porque dois velhinhos se abraçaram na rua. Dançar no meio do shopping pra te fazer passar vergonha. Eram elas que te faziam ficar. Não é como se eu o quisesse de volta. Não mesmo. Eu fico feliz ao ouvir alguém me sussurrar sua felicidade em alguma madrugada tola. E eu sussurro pro mundo que eu estou bem. Que eu também achei outro alguém e que meu peito transborda com esta felicidade. Mas a verdade é que é só pra você viver bem, porque eu sei que eu só fico bem se você ficar. E a reciproca sempre será verdadeira. Hoje eu entendo as tormentas, as turbulências e sei que o seu lugar não é mesmo aqui. Mas eu preciso te agradecer por me ensinar a amar. Amar você, me amar e aprender que amor não é isso que eles pintam nas paredes, ou fingem que sentem. O amor pode não ficar pra sempre, mas ele vem tão de dentro e é tão puro que nos faz querer ser mais. Melhores.
Quatrocentos e oitenta dias se passaram, menos do que os que passei ao seu lado, mas ainda sim o suficiente pra saber que o "você" que passa por mim não é mais o mesmo. E que o meu "eu" se tornou outra pessoa também. O fluxo contínuo da vida é a mudança. Mas tenha certeza que o "você" que esteve aqui nunca se esvairá.
Assinar:
Postagens (Atom)