quarta-feira, 10 de abril de 2013
Solidão ou não
Eu venho me adaptando à solidão. E quer saber, eu estou até gostando. As vezes passamos tanto tempo dedicando nossa vida aos outros que viramos isto, algo meio autoajuda que passa tempo e gasta muita energia a justificar o mundo de coisas que são feitas conosco e os outros mundos de esforços que fazemos pros outros. Não é que nesses oito anos de idas e vindas contínuas de relacionamentos eu não tenha aprendido muito, e muito menos que eu não tenha recebido muito pra minha vida e personalidade. É só que relacionamentos exigem muito de cada indivíduo, muita energia, como eu digo sempre. Dos mais calmos aos mais conturbados. Eu sei que devo estar soando meio mal amada, mas na verdade eu fui muito amada, por muitas pessoas e talvez o simples fato de eu não ter tido tempo suficiente para dedicar a mim, tenha feito com que, na verdade, eu é que amasse mal as pessoas.
Ficar sozinha só este pouquinho me fez ignorar mais pessoas do que eu costumava e, desculpa, foi ótimo. Me fez ver que é gostoso "pra cacete" ficar em casa comendo chocolate e conversando horas com minha mãe sobre fofocas mundanas. Me fez ver que mais que amizades eu tenho parcerias, que vão desde a tequilaria de uma noitada rodada, ressacas numa tarde de domingo chuvosa em ruas vazias ou papos aleatórios de uma madrugada extensa. Me fez ver que não há dor na solidão de um livro num sábado a noite e sim paz. Me fez perceber que em certos momentos minha ignorância para com as pessoas talvez tenha sido gerada não só pelo meu simples gênio, mas também por ter estado atolada e sufocada por problemas que não me pertenciam.
Não é tão ruim ser egoísta, faz parte de um processo de auto construção. Eu posso muito bem, por uns dias, não querer partilhar meus amigos, meus móveis e muito menos meus planos. Eu posso querer sonhar sozinha e voar até eles sem nada que me pese. Sem medo de magoar ninguém, sem medo de cair e ver que alguém se decepcionou ou se feriu junto.
Não estou dizendo que crescer junto não seja gostoso, que construir junto e viver partilhando essa felicidade cotidiana. Só to dizendo que estou naqueles dias da vida - que até então eu desconhecia - que sou tão eu que não quero partilhar. Quero viver intensamente cada minutinho de mim, com muito amor por mim sem que eu pare pra discutir sobre isso no telefone com alguém à meia noite de véspera de um dia importante.
quinta-feira, 4 de abril de 2013
Dos momentos e o agora
Seja como for, as vezes é mais que necessário desfazer-se de suas correntes. É preciso se lembrar do porque de tudo e é aqui que nos deparamos com o fato de não mais nos lembrarmos dos porques. A vida nem sempre pede porques, mas um vazio que lhe prenda ao chão não pode ser capaz de felicitar-te.
Dia desses, alguém aleatório me disse, de passagem, que se sentia com a necessidade de fazer as coisas corretamente. Mas, o que lhe é correto? Não sou de planejar, sou daquelas pessoas que vive, mesmo no meu marasmo, de forma intensa. E acho difícil me arrepender. Não me arrependo dos meus erros, eles me levaram até onde me encontro hoje e estou contente em demasia. Poder estar em outro lugar não faz com que sejamos mais ou menos felizes. A felicidade é um estado de espírito e eu gosto de carregá-la como o meu estado. As vezes, e são muitas vezes, eu vejo que estou sorrindo sozinha, na rua, ao ouvir tolices de uma música ou outra. Eu fico feliz ao ver um bêbado ou um possível "louco" em seus devaneios (aos nossos olhares carregados de conceitos) cantarolando alegremente. Até penso como todas as pessoas seriam mais felizes se fossem loucas assim. Menos vergonha e mais vontade de viver e vibrar o que quer que seja. Todos corremos num sentido louco e desenfreadamente, cheio dos planos e objetivos de vida que muitas vezes esquecemos de vivê-la. Tenho meus planos e objetivos, mas não sei se consigo me abster de viver até alcança-los. Afinal, muitas vezes, por mais que tentemos, dediquemos nosso tempo e "apontemos pra fé e rememos" as ondas desse mar nos carregam à caminhos distantes e distintos. Então, eu, ao contrário do que me disseram, sinto-me na obrigação de me entregar a cada momento, seja um capítulo de um livro, um beijo, uma lista que bioquímica ou o simples caminho diário que faço até meu curso. E acredito plenamente que esse deveria ser o modo a encarar a vida.
Muitos porques só nos valem de algo em um momento de frugalidade, de paixão, de toque. Eles podem se perder, a vista fica turva e você deve construir mais pra si. Vejo as pessoas se prendendo ao que foi e não voltará a ser, vejo caminhantes se perdendo por pouco, se enraizando e deixando a caminhada. Nisso tudo só me vejo sem sentido.
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