quinta-feira, 9 de junho de 2011

E o vento até me lembrava o mar, que por mais perto me deixava longe. Eu caminhava numa solidão acompanhada de pensamentos que eu não podia organizar. Era frio o vento, e o mar devia ser quente. E eu precisava organizar. Não sabia ainda o porque daquela caminhada noturna, ainda mais em ambientes indevidos - deixe-me pra lá - eu precisava pensar, viver minha mente ávida. Ou apenas hiperatividade. O fato é que os pensamentos se perdiam, corriam como se estivessem em meio a uma maratona e eu as vezes parava, cambaleava tonta de mim mesma.
Eu ainda podia jurar que caminhava a beirar o mar e via as ondas lamberem-me, mas que nada. Havia ali fumaça, chuva e vento - além de pequenos tumultos, talvez, amedrontadores.
E a dança de meus pensamentos prosseguia, com seu ar de contemporaneidade, e projetos cinematográficos no meio do nada, no nada. Nada me diziam e eu nada dizia a eles, como se não pertencessem a mim. Um absurdo.


- Manequins, afins. Agulhas e rolos de lã cantavam. Eu dançava e prendada que era deixava nascer. Moldes, cortes e letras. Letras? Agora música de meus dedos, a voz saia brincando.Depois os videos, a cena, o embarque. Um palco desconexo e a festa. Muitas festas, todas festas.
O alcool, o frio, o café. O Neruda, Bandeira - Ahh Bandeira -, Allende . Uma vida inteira.Tosses, sushis, esteiras.
No fim um ponto, um turbilhão.
Ventania! -

Com um pouco mais de frio estava eu de volta, alucinada com aquele todo. Perdida e encontrada. Um nebulizador me esperava a espreita e logo a tremedeira do berotec. O silêncio da casa, da minha casa. A voz que era minha, as músicas que eu gostava. O homem que eu amava na fotografia. Mais ninguém. Ainda não tem nada, mas eu chego lá.
Conversei um pouco hoje, li, dormi e até exercitei-me, vício, e a cada dia que passa eu amo mais. Nas ruas singelas, mesmo sujas, no frio, no mar, na serra. As pessoas falam! Elas precisam falar, deixem-nas. Eu as amo mesmo assim.

terça-feira, 7 de junho de 2011

E se eu te disser que hoje o dia não nasceu
Que sol não quer raiar
Que as ruas estão paradas em meio um transito atordoado

E se eu te disser que os meus olhos não se abriram
Que meu sorriso não quer acordar
E que a preguiça deixa meu cabelo emaranhado

E se eu te disser meu bem, que faltam domingos e flores?