quinta-feira, 18 de março de 2010

Suplício

leia-me por favor
leia o corpo que ginga
a pele que vibra
o suor que exalo
leia os lábios umedecidos
e todos meus tecidos

leia a roupa que visto
o pensamento que brota
minha mente incurável
leia os cheiros
leia os sabores que provoco
o desejo que evoco

leia-me por favor
pois meus olhos já adormeceram
minha mente evacuou
meus sentidos invalidaram-se
minhas mãos digeridas
meus beijos calados
minha fé ferida

leia-me antes que o tempo se esgote
que a pele seque
meu pedido não reze
leia antes que não haja nada
que se vire ralo
que minha dança se torne breve